sexta-feira, 19 de novembro de 2010

18 de nrovembro - Militar do Exército é o autor do disparo.


Militar confessa ter atirado em estudante homossexual no Arpoador

RIO - O terceiro-sargento do Exército Ivanildo Ulisses Gervás confessou quarta-feira ter atirado, na noite de domingo, num estudante de 19 anos que estava no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, e havia participado da parada gay em Copacabana . A descoberta foi feita num trabalho conjunto da Polícia Civil com o Exército, com base em resíduos de pólvora encontrados na mão do militar, que tentou, para encobrir o crime, repor a bala disparada de sua pistola 9mm. Confrontado com estes indícios, o sargento confessou. Ele será indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima, que foi empurrada antes de ser baleada. A pena para esse crime pode chegar a 20 anos de prisão. 


Sargento que atirou teve prisão decretada 

Os terceiros-sargentos Ivanildo - que teve a prisão decretada pela Justiça Militar - e Jonatas Fernandes da Silva e o cabo Luiz Gustavo da Conceição Batista participaram ontem de uma acareação proposta pelo delegado titular da 14 DP (Leblon), Fernando Veloso. Os três foram reconhecidos pelas quatro testemunhas e pela própria vítima. Os acusados foram colocados numa sala entre outros quatro militares, também fardados e, segundo o delegado, não houve nenhuma dúvida por parte das testemunhas. Ainda de acordo com o delegado, há provas conclusivas contra os acusados.
- Eles saíram da área militar, o que é expressamente proibido, sem o consentimento da oficial do dia, xingaram os rapazes na rua e sacaram uma arma. Todas essas ações são irregulares e, por isso, eles estão envolvidos em dois inquéritos: um militar e outro na área civil.

 Os três militares envolvidos no caso são lotados no Forte de Copacabana e foram orientados a não olharem na direção das testemunhas durante a acareação para que não houvesse nenhum tipo de coação. Segundo o delegado eles aparentavam nervosismo e arrependimento. 

Especialistas do Exército examinaram todas as pistolas 9mm que estavam acauteladas no forte no dia do crime. Apesar de Ivanildo ter reposto a bala na arma após usá-la, os peritos constataram, com produtos químicos, que havia nela vestígios de um disparo recente. O autor do tiro tentou se defender, dizendo que o tiro foi acidental. Seu colega também admitiu envolvimento no caso. Os dois disseram que "teriam sido desafiados" pelo estudante. 

- O militar que atirou no estudante admitiu o crime e contou os detalhes do caso, pela sua ótica - disse o delegado. - Não há dúvida quanto à atitude homofóbica dos militares. 

O policial contou que os acusados disseram ter saído do forte à revelia dos seus superiores, com o objetivo de afastar as pessoas que estavam no Parque Garota de Ipanema. Já o estudante baleado voltou a falar sobre o caso ontem à tarde, lembrando que, após a manifestação, estava com os amigos quando o grupo foi abordado pelos militares, que usavam fardas de camuflagem. Um deles portava uma pistola. 

- Começaram a ofender, xingar, dizendo que, se pudessem, eles mesmos matariam cada um de nós com as próprias mãos, porque éramos uma "raça desgraçada" e tal... - lembrou a vítima. 
- Começaram a nos humilhar, bater, entre outras coisas. Foi quando um deles me empurrou no chão e atirou. Eu caí sentado e ele atirou na minha barriga.